A noite teve capoeira, apresentada pelo grupo Glasgow Capoeira, comandado pelo instrutor Fiaz. Outra atração foi a apresentação do tenor brasileiro Luperci de Souza e do violonista Luís Henrique Melo. Os dois são cariocas e estudantes de música na Escócia, no Royal Conservatoire of Scotland.
A apresentação de óperas em Português e Espanhol emocionou a todos e mostrou que no Brasil, apesar de não ser tão apreciada como deveria, existe música de qualidade. Ou seja, temos algo muito melhor que Michel Teló, funks e outras coisas que infernizam os nossos ouvidos. Além da parte cultural, muito café, bolos e pães estavam sendo vendidos.
Toda arrecadação da noite foi para ajudar o projeto em São Paulo. A jornalista Jen Clark que esteve no Brasil, em 2012, visitando projetos sociais em áreas de miséria, mostrou através de slides, o que está sendo desenvolvido em São Paulo e como ele, através da reciclagem de lixo, tem dado oportunidade de trabalho a várias famílias.
Durante a apresentação, foram mostrados números sobre a situação social do país, considerado a sexta economia do mundo. Infelizmente, o cenário pintado é bem desanimador e expôs as contradições que cercam o Brasil na área social.
De um lado temos um país que vai sediar uma Copa do Mundo no próximo ano, investindo mais de R$ 50 bi em estádios, que serão usados, por no máximo, um mês e de outro lado, uma nação onde os problemas básicos de moradia, nos equiparam aos países mais pobres do mundo. Fiquei pensando como deve ser difícil para um escocês entender como isso pode ocorrer no Brasil.
Na sua apresentação, Jen explicou que a Constituição brasileira assegura o direito à moradia a todos os seus habitantes, para que vivam dignamente. Enquanto ela falava, eu ficava pensando que esse era mais uma daquelas informações e regras brasileiras que se enquandram na famosa frase "para inglês ver".
Quando ela terminou a apresentação, um menbro do parlamento europeu fez uma breve fala explicando que existe a intenção de ajudar os países necessitados e que, ao contrário de antigamente, os recursos não irão mais para os governos dos países recebedores de ajudas e, sim, para os projetos sociais. Na minha opinão, o que ele quis dizer é que devido a corrupção não se pode confiar nos governos desses países, incluindo o Brasil. Infelizmente, tive que concordar com ele. Uma pena!
Achei a iniciativa de se promover uma noite, na Escócia, para arrecadação de fundos para um projeto social no Brasil excelente, porém sem necessidade. Penso que essas ajudas são muito bem vindas, para quem recebe e realmente precisa, mas não atacam a raiz do problema, que é a conscientização do povo dos motivos de tanta miséria. Um país que tem uma das maiores economias do mundo, que é um verdadeiro celeiro agrícola e onde a indústria produz desde uma vasoura de piaçava a um dos mais modernos aviões do planeta, não precisa de ajudas para dar comforto e dignidade ao seu povo.
Acredito que educação e distribuição de renda são as chaves para o Brasil deixar essa postura de mendigo e assumir a de país forte que pode andar com as próprias pernas, sem precisar de ajudas do exterior para combater a pobreza e a miséria.
Christian Aid Escócia promoveu uma noite para arrecadação de fundos para ajudar projeto social em São Paulo |